Com apenas 22
anos, pode-se dizer que Charles do Bronxs é um veterano do UFC. O
faixa-preta já fez sete lutas pela organização presidida por Dana White e
sofreu apenas duas derrotas, que fizeram o casca-grossa repensar sua
carreira e descer para a categoria até 66kg. No peso novo, o ‘velho’
Charles voltou a brilhar e logo em sua estreia nos penas, aplicou uma
chave de panturrilha em Eric Wisely. O último triunfo do talentoso jovem
aconteceu contra o vencedor da edição de número 12 do TUF, Jonathan
Brookins, a quem Charles surpreendeu com um justo triângulo de braço,
que o lutador havia ensaiado minutos antes da luta, no vestiário.
Confira a entrevista abaixo com o atleta, que falou sobre as técnicas de
ajuste do triângulo, seus planos para o futuro na nova categoria, além
do interesse em defender as cores do Corinthians, seu time de coração.
Sou corintiano, mas não são daqueles que fica doidão. Sou aquele corintiano light.
Mas a realidade é que corintiano não se vira, corintiano nasce. Meu
coração é corintiano e seria bom. Não seria mal ser patrocinado por um
time que é o time do coração. Se eles quiserem me dar a oportunidade de
subir e levar o nome do Corinthians, beleza, ficarei muito feliz. Quem
sabe, né? Vai ser uma coisa boa.
Você mostrou uma
boa trocação contra o Brookins, mas acabou sofrendo alguns contra
ataques perigosos. Chegou a sentir a mão dele?
Eu
saí do primeiro round bem, apesar de ter levado um golpe no nariz. No
segundo round, eu voltei bem. Tomei mais pancada no nariz, mas qualquer
bagulhinho que bate no meu nariz sangra, já estou acostumado. Eu estava
de boa. Não senti a pancada, não cheguei a balançar, não senti nada.
Estava tranquilo. Tomei umas pedradas duras, mas não absorvi bem. No
segundo round, ele fez umas sequências boas que não eram pra ter entrado
pelo que treinamos, mas fiquei muito confortável na luta e as
combinações dele não me abalaram.
Qual era a estratégia que sua equipe preparou para a luta?
Quando
treinamos, ficou definido que eu teria que me movimentar bastante
porque o jogo dele era colocar pra baixo e trabalhar no ground and
pound. Era isso que a gente achava que ele queria fazer, então o
objetivo era bater sempre em linha e manter a luta o maior tempo que
pudesse em pé. Mas, caso fosse para o chão, eu também estava em casa,
tranquilo. A ideia era bater sempre de encontro, com diretos, trabalhar
em pé, chutando bastante as pernas, bater em linha e, quando fosse para o
chão, definir a luta. Ele estava tentando bater direto e eu bloqueando
tanto por fora quanto por dentro. Quando fomos pro chão, graças a Deus,
consegui me sair bem e meu golpe acabou entrando.
E aquela guilhotina que ele aplicou, chegou a causar uma pressão ou apenas o imobilizou?
O
moleque é duro, é bom, finalizou várias pessoas. Encaixou sim. Tinha
treinado bastante defesa disso: entrar no meio das pernas, tomar a
guilhotina ou o triângulo de mão e, assim que engatou, cinturei pra não
tomar tanta pressão, mas estava com uma pressão ali. Não era pra bater,
mas tinha uma pressão sim e foi na queda, colado no chão com ele, que eu
pude soltar e trabalhar bem os cotovelos. Na hora que ele levantou, já
tinha um triângulo de mão encaixado.
Você treina muito essa posição?
Triângulo
de mão, eu treino bastante. Tem até filmado aqui que a gente estava
treinando dentro do vestiário o triângulo de mão e a guilhotina. Ele é
um cara que gosta de trabalhar no ground and pound, então era um golpe
que podia acabar entrando. Estava na cabeça, treinamos bastante isso aí.
Quando está na cabeça e você está focado pra luta então, acaba
acontecendo certinho. Estava bem na trocação. Acabei tomando umas
porradas, mas quando foi pro chão, meu jogo encaixou.
Como foi aquele ajuste? Você o pressionou na grade e parecia que já estava pegando, antes mesmo de você puxar para a guarda...
Quando
fecha o triângulo de mão, ou gira ou aperta ali mesmo. Gosto mais de
puxar pra guarda porque tem mais pressão. É uma coisa ou outra. Muito
jogo de quadril na grade, e quando eu estava com o triângulo de mão
encaixado, se eu o puxasse muito, ele podia sair. Fiquei ajustando com o
quadril para fazer meio que uma montada para que, quando girasse,
caísse certinho dentro da guarda. Foi o que aconteceu: encaixei o
triângulo de mão, fiquei fazendo pressão com o quadril nele. Na hora que
ele vacilou, pude puxá-lo para dentro da guarda, que é o ponto mais
forte e acabou caindo mais do que justo.
Você estava treinando a posição no vestiário e foi o que definiu a luta. Você acredita que foi coincidência, sorte ou treino?
Eu
acredito em Deus, que está sempre me dando minhas vitórias. Naquilo que
eu mais peço pra ele mostrar o caminho, ele me mostra para eu não fazer
nada de errado. Primeiro Deus, mas também meus professores. Estou
sempre treinando. Umas duas semanas antes, eu vim pra cá para o Texas e
fiz o camp com o Jorge Patino Macaco. A gente sempre está treinando. O
que eu treino no Brasil, a gente vem e treina no Macaco, lapidando as
coisas, fazendo um trabalho certo para na hora da luta dar tudo certo e a
gente conseguir finalizar ou nocautear o adversário. Estava treinando
no vestiário, já tinha treinado no Guarujá, aqui no Texas, então é uma
posição que já estava no meu dia a dia. Quando a gente está lutando
atento, focado e acaba acontecendo, a gente fica muito feliz. Vemos que
estamos fazendo o trabalho certo.
Você ficou desapontado por não levar um bônus de melhor finalização?
Não,
não fiquei desapontado. O que eu peço pra Deus é sempre a vitória,
dando foco na minha luta. Aquilo que eu pedi pra ele, ele me deu. O
bônus é uma coisa à parte. Quem tinha que achar isso era a galera do UFC
e o pessoal da Comissão Atlética. Não fiquei desapontado. Fiquei muito
feliz de ter feito uma luta boa, ter me apresentado bem, ter feito o
time crescer a cada dia mais. Todo ano o time cresce, a família está
crescendo. Não tenho do que reclamar.
Você está com duas lutas nessa categoria nova. Está se sentindo em casa?
Acabei
de chegar na categoria, estou me sentindo muito bem. Acabei de chegar.
Fiz duas lutas, duas lutas boas, mas tem gente bem melhor que eu
querendo conquistar espaço, como todo mundo. É a categoria que eu quero
ficar. Quero me sentir em casa, me sentir bem. Na família, todo mundo
está bem, a equipe está gostando de me fazer perder esse peso e não só
por causa dessas duas vitórias, mas porque eu peguei dois caras duros,
principalmente o último. Eu consegui fazer um trabalho bom, então estou
‘felizaço’ e devo continuar nela e continuo tentando agradar os
brasileiros.
Eles já te deram alguma data?
Estamos
no aguardo. Estou um pouco com a família e depois voltar para treinar.
Tenho que voltar sábado para o Brasil, na segunda já recomeço a treinar.
Daqui a pouco estão dando uma luta pra mim. Acho que daqui uns três,
quatro meses eu vou estar lutando de novo. Eu não estou machucado, estou
bem, então acho que em uns três, quatro meses eu luto de novo.
No final da luta você gritou Corinthians. Você sonha com um possível patrocínio do clube?
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