Por Guilherme Cruz
Foto Erik Engelhart
O
que seria do MMA se Royce Gracie tivesse perdido para um dos “gigantes”
na primeira edição do UFC, em 1993? Lenda do Vale Tudo, Rickson Gracie
ajudou a responder esta pergunta na edição deste mês da Revista TATAME, à venda nas bancas de todo o país.
Mas não foi apenas este tema que abordamos com o mestre.
Responsável
por alavancar o Vale Tudo no Japão, um ano após Royce dar o pontapé
inicial no UFC, o Gracie avaliou a evolução do esporte e revelou que, na
sua opinião, o Jiu-Jitsu puro não tem mais espaço.
“Não,
a coisa mudou um pouco. Atualmente, a regra institui um ritmo de
combate, uma preparação física e uma estratégia de luta que pede que o
Jiu-Jitsu entre de uma forma”, disse, explicando como as regras exigiram
a mudança na postura dos lutadores.
“Se
você tirar o tempo, tirar o (limite de) peso, você começa adicionar a
técnica, a estratégia, manutenção do seu gás, começa a pensar diferente.
A partir do momento em que são três rounds de cinco minutos, as pessoas
botam uma energia, perdem oito, dez quilos para lutar, já estão
totalmente no topo da tecnologia de treinamento”.
Para
Rickson, grande parte dos ensinamentos da arte suave, aplicados em
academias ou grandes torneios, não tem utilidade em lutas de MMA.
“Você
pode talvez aplicar 30% de Jiu-Jitsu”, opina. “Você não pode botar um
Royce ou mesmo eu, ou qualquer cara... A tecnologia do esporte aumentou
muito em termos de o quanto você treina, capacidade de perda de peso
para competir... É uma total diferença. Você pode usar muita coisa do
Jiu-Jitsu, mas o indivíduo é o elemento básico”.
A
mudança no panorama do esporte é tanta que a TATAME pediu a Rickson
para que apontasse os atletas que mais lhe impressionam atualmente, e os
nomes escolhidos não são do Jiu-Jitsu.
“Jon
Jones e Anderson Silva”, elege o Gracie. “São os caras que estão
realmente controlando o cenário. Não pode falar nada dos caras. Eles têm
uma boa visão, uma capacidade física, uma destreza, alto nível”.
Para
o veterano, no entanto, o número de atletas de alto nível poderia ser
ainda maior, caso o esporte tivesse espaço para que todos os lutadores
aparecessem.
“Está
sempre aparecendo um talento novo, a coisa está muito dinâmica. A
construção dos atletas está sendo muito espontânea”, explica. “O funil é
tão pequeno em termos de quantidade de pessoas que gostariam de estar
presentes lutando e a quantidade que aparece nos eventos. Existe uma
demanda muito maior do que se vê. Se fosse um campeonato aberto, como no
Jiu-Jitsu, iam aparecer muitos talentos”.
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