sábado, 7 de julho de 2012

AUTORIDADES ÁRABES DEIXAM PROFESSORES DE JIU-JITSU REVOLTADOS

O que era para ser um projeto de vanguarda no Oriente Médio, se transformou em uma decepção para mestres brasileiros que ensinam o jiu jitsu como parte de um projeto para levar o esporte a crianças árabes em escolas públicas. Recentemente, os brasileiros foram informados por autoridades dos Emirados Árabes Unidos que crianças árabes estrangeiras estavam proibidas de participar das aulas de jiu jitsu, permitindo somente os alunos cidadãos do país.
Sem ser uma lei oficial, o comunicado do governo gerou revolta entre professores brasileiros, que há quatro anos desenvolvem o projeto incentivado pelo príncipe herdeiro de Abu Dhabi, xeique Mohamed Bin Zayed Al Nahyan, irmão do presidente dos Emirados Árabes, Khalifa Bin Zayed Al Nahyan. O projeto introduziu o ensino de jiu jitsu brasileiro para alunos de 6° e 7° séries do Ensino Fundamental.
O mestre de jiu jitsu, C. S., falou ao Terra que a regra foi introduzida como forma de punir os alunos árabes não locais por terem tido uma performance melhor que as crianças dos Emirados em competições recentes.
Segundo ele, os professores brasileiros não foram informados oficialmente do motivo das novas regras, nem receberam explicações. "Não houve discussões sobre o problema. Também não pediram nossa opinIão", salientou.
"O que era para ser algo de vanguarda no Oriente Médio, e com brasileiros como personagens principais, se transformou em um perfeito exemplo de tribalismo árabe", disse ao Terra o mestre brasileiro M. T., natural do Rio Grande do Sul.
"Para nós, brasileiros, isso é uma forma de segregação, de separação que vai contra os princípios do esporte, que visa aumentar a autoestima, saúde e disciplina dos praticantes", explicou. Os brasileiros pediram que seu nomes fossem omitidos por medo de represálias e perda de seus empregos no país.
Autoridades descontentes
De acordo com C.S., várias escolas no país possuem realidades diferentes, com o número de árabes locais e não locais matriculados variando. São cerca de 10 mil crianças atrendidas pelo projeto, que inclui árabes de países como Síria, Iêmen, Egito e os Territórios Palestinos.
"Temos escolas com 100% dos alunos cidadãos dos Emirados, mas em outras escolas, os praticantes do jiu jitsu que são estrangeiros chegam a 50%, todos de origem árabe". Nas últimas competições, segundo ele, muitos dos alunos estrangeiros se destacaram, deixando autoridades locais descontentes.
"Após uma competição recente, onde mais uma vez os estrangeiros se destacaram mais do que os árabes locais, as escolas receberam um comunicado não oficial proibindo as crianças estrangeiras de fazerem parte do ensino do jiu jitsu", falou C.S.. Desde então, disse ele, nenhum debate foi feito para avaliar a situação junto às autoridades, nem diretores de escolas questionaram a ordem.
Exclusão
Os Emirados Árabes possui uma grande quantidade de imigrantes árabes originários de outros países do Oriente Médio. Muitos, segundo dados da imrpensa da região, já estão no país há gerações, mas não possuem a cidadania e os mesmos direitos, levando os emirados a terem duas classes, os locais e não locais, estes últimos podendo serem deportados a qualquer instante se as autoridades quiserem, sem explicação legal.
Segundo o comunicado, as crianças estrangeiras seriam separadas daquelas que são cidadãs do país e colocadas em atividades alternativas. Segundo outro professor, que não quis se identificar, mesmo não sendo uma ordem escrita, os professores, temendo por seus empregos, acataram a ordem, mesmo que isso significasse se distanciarem das crianças com quem criaram um forte vínculo.
"Estou estarrecido e triste, tenho vários alunos talentosos no jiu jitsu, mas nenhum deles é local. Tive que retirá-los da aula, sem poder explicar que era devido às suas nacionalidades", disse o brasileiro.
"Acho que o xeique Mohamed (Bin Zayed Al Nahyan) nem está sabendo disso. Onde as escolas deveriam cumprir o papel de unir, estão agora segregando e usando nós, brasileiros, como instrumento para isso", completou.
Arte milenar
O jiu jitsu, explicou M. T. é uma arte milenar que tem sua origem no Japão, mas que ganhou um estilo brasileiro há cerca de 100 anos através da família Gracie, que o desenvolveu no país. O projeto nos Emirados Árabes teve um incentivo do xeique Mohamed Bin Zayed Al Nahyan após ele ter observado o próprio filho adolescente se tornar mais disciplinado e saudável depois de praticar o jiu jitsu.
Em seu priemiro ano, o ensino de jiu jitsu levou à contratação de 12 professores brasileiros. "Devido ao sucesso do projeto, hoje o quadro chega a 100 professores de ambos os sexos, em que a imensa maioria são brasileiros", destacou M.T.
Segundo o mestre brasileiro, o próprio palácio real seria local de promoção de torneios milionários, que atrai atletas do mundo todo em busca de grandes prêmios.
TERRA

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