quarta-feira, 22 de agosto de 2012

ENTREVISTA COM RONY JASON


 Para chegar até a tão sonhada vaga no UFC, Rony Jason enfileirou quatro adversários, garantiu sua vaga no evento e ainda levou pra casa a primeira edição do TUF Brasil entre os penas. O triunfo na final sobre Godofredo Pepey, em junho, deu ao cearense a chance de medir forças contra Sam Sicilia no UFC Rio 3, dia 13 de outubro. O duelo marcará um choque entre a edição brasileira do TUF e a 15° edição do programa, realizada nos Estados Unidos, onde Sicilia acabou eliminado ainda na rodada inicial. O brasileiro gostou do desafio e na entrevista abaixo comentou tudo sobre a luta e muitos outros assuntos.

Qual é a sensação de lutar no Rio, cidade onde você vem treinando há muito tempo?

Pela primeira vez estou lutando com um cara que não é brasileiro, então é um respaldo maior para mim. Vou lutar dentro de casa, faz um ano que moro aqui. Colocaram um cara do TUF dos Estados Unidos, então estou vendo como uma prova para eu mostrar que o TUF do Brasil é mais forte do que o dos Estados Unidos. Estou levando para o lado pessoal. Dentro da casa, a gente brincava, falava para jogarem uns americanos para cá para ver qual era a parada e agora eu estou tendo a oportunidade. Não estou lutando mais pelo time azul, estou lutando pelo Brasil inteiro e lutando principalmente pelo TUF Brasil, em uma maneira de mostrar que o TUF que existir no Brasil vai ter o nível mais alto que o TUF de onde for. Quem acompanha MMA sabe que os brasileiros estão conseguindo dominar as categorias. Ainda bem que hoje quem domina a categoria é um brasileiro e acho que esse cinturão, se depender de mim, não vai sair daqui. Estou muito feliz por essa oportunidade.

O TUF 15 trouxe à tona essa questão da qualidade do reality show lá de fora e o do Brasil. Você chegou a assistir essa edição dos TUF nos Estados Unidos?

Vi na internet e tem poucas coisas do meu adversário.

Você assistiu à luta final do Sam Sicilia, seu adversário no UFC Rio 3, na TUF 15 Finale, quando ele nocauteou o brasileiro Cristiano Marcello?

Já. Ele é um cara que não chuta. No chão, acho que sou um pouco melhor do que ele, mas sei que o punch dele é mais forte que o meu. É um cara que lutava nos 70kg, que é uma categoria acima da minha. A diferença dos brasileiros para os americanos é que os brasileiros têm talento e confiam nisso. Os americanos criam o seu próprio talento. Acho que eles treinam mais do que os brasileiros. Às vezes os brasileiros são mais talentosos que os americanos, mas com a determinação deles, eles se tornam mais forte. O brasileiro confia no talento e o americano não. Eles criam o próprio talento. Eles se tornam mais forte.

Você acredita que os americanos acabam equilibrando as ações ou sendo até superiores por isso?

Acho que eles se tornam mais fortes. Tem pessoas que nascem com talento e confiam nisso. Alguns caras que criam o próprio talento, eles são bons. Se o cara já tem talento e treina, o cara vira uma lenda, que é o caso do Anderson Silva. O cara não atrasa nos treinos nem nada. O cara tem talento e treina muito, por isso que ele é uma lenda hoje. Ele não é preguiçoso para treinar.

Sobre o seu adversário, ele é um nocauteador. Você pensa em levar a luta para o chão?

Eu assisti a luta dele, assisti com o meu professor de Boxe, que é o professor de Boxe do Anderson. Ele sempre começa com a mão esquerda, é um cara previsível, mas é um cara pegador, é um cara que mantém o ritmo durante a luta. Eu voltei a treinar Jiu-Jitsu de pan, que é onde meu jogo mais encaixa. Tinha deixado o Jiu-Jitsu um pouco de lado, só queria mostrar meu lado de trocador. Nessa luta, com certeza, vou trocar com ele, mas vou para o chão e mostrar que o Brazilian Jiu-Jitsu é um esporte que não tem pra ninguém. Pode ser wrestler, pode ser o que for, que o Jiu-Jitsu brasileiro ainda domina o esporte. Eu sou um faixa-preta aqui, então vou provar que o Jiu-Jitsu está na veia ainda. Tenho alunos que falam: ‘pô, você não faz mais Jiu-Jitsu, abandonou as aulas’. Vou trabalhar mais de pano agora.

Ainda mais no Rio de Janeiro, que foi o celeiro da família Gracie.

Vou honrar o Rio de Janeiro.

Arrancar uma finalização no Rio seria demais, não é?

Seria. Ele é um cara duro. Não gosto de comentar luta porque luta é luta, mas do mesmo jeito que eu penso em fazer com ele, em começar a luta, acabar em três segundos com uma mão na cara dele, ele pensa também em acabar em dois com a mão no meu queixo. É imprevisível. Eu sei o perigo que eu levo e sei o perigo que eu corro durante a luta. Hoje em dia, estou ficando mais cauteloso. Antigamente eu não sabia o risco que eu corria. Estou seguindo meus córneres.

Contra o Pepey, na final do TUF Brasil, vi que você lutou com tranqüilidade, sem se afobar, e foi pontuando durante os três rounds. Essa era a intenção para aquela luta?

Para quem assiste, quem entende de luta, sabe que eu fiz uma luta mais estratégica. No segundo round fiquei administrando, tranquilo e tal. Infelizmente, quando as pessoas compram o ingresso do UFC, é fato: eles torcem para ver a desgraça dos outros (risos). Eles torcem para o cara chegar lá, levar uma joelhada, cair desmaiado. Os caras querem ver isso. Os caras que compram ingresso do UFC não querem ver luta técnica, querem ver dois homens lutando. Querem que a luta acabe em um minuto. É a mesma coisa quando eu compro ingresso para o circo: quando aquele cara está passando naquela cordinha lá, eu torço para ele ultrapassar porque é o que ele vai fazer. Só se ele cair que é uma coisa excepcional, diferente (risos). Não torço para o cara domar o leão, torço para o leão domar o cara. Quer ver uma do Georges St. Pierre, de cinco rounds, técnica? É chato.

A sua luta conta o Pepey foi uma luta técnica e foi alvo de crítica, inclusive do Dana White. Você pretende dar um presente para a galera com uma grande luta no Rio?

Uma coisa que eu tenho certeza para essa luta: ou vai cair lá ou vai cair aqui. Não tem como. Ele é pegador, brigador e eu sou pegador e brigador. Com o Pepey foi diferente. Todos que subestimaram o Pepey foram finalizados. Eu sabia o quanto ele era bom, sabia. O cara chegou na final do TUF, tinha o valor dele. Por isso que eu tentei evitar (o jogo de chão). Foi através do Wagner Galeto que eu montei uma estratégia para ganhar dele. O Vina caiu no jogo dele, foi pra dentro. Era um cara que tinha muito gás, um finalizador e oportunista. Essa luta é diferente. O Sam Sicilia não vai dar essa preocupação de ele me finalizar. É lógico que luta é luta e ele pode finalizar. Mas o jogo dele é em pé, o oposto de Pepey. Ou cai lá ou cai aqui. O Sam Sicilia é um cara de seis nocautes e cinco finalizações. Ele ganhou 11 lutas, sendo 8 no primeiro round. Ele é um cara gente boa, eu também sou gente boa, mas na hora lá é profissional. Se eu estivesse do lado de fora, ia torcer para ele, mas, como estou do lado de dentro, vou torcer para mim (risos). Acho que essa luta não passa do primeiro round, tanto para o lado dele como para o meu.

Vai ser boa para levantar a galera.

Vou apagar a final do TUF. Ele é o domador de leão e eu sou o leão. Quem sabe, dessa vez, quando você comprar o seu ingresso o leão dome o domador.

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