Para chegar até a
tão sonhada vaga no UFC, Rony Jason enfileirou quatro adversários,
garantiu sua vaga no evento e ainda levou pra casa a primeira edição do
TUF Brasil entre os penas. O triunfo na final sobre Godofredo Pepey, em
junho, deu ao cearense a chance de medir forças contra Sam Sicilia no
UFC Rio 3, dia 13 de outubro. O duelo marcará um
choque entre a edição brasileira do TUF e a 15° edição do programa,
realizada nos Estados Unidos, onde Sicilia acabou eliminado ainda na
rodada inicial. O brasileiro gostou do desafio e na entrevista abaixo
comentou tudo sobre a luta e muitos outros assuntos.
Qual é a sensação de lutar no Rio, cidade onde você vem treinando há muito tempo?
Pela
primeira vez estou lutando com um cara que não é brasileiro, então é um
respaldo maior para mim. Vou lutar dentro de casa, faz um ano que moro
aqui. Colocaram um cara do TUF dos Estados Unidos, então estou vendo
como uma prova para eu mostrar que o TUF do Brasil é mais forte do que o
dos Estados Unidos. Estou levando para o lado pessoal. Dentro da casa, a
gente brincava, falava para jogarem uns americanos para cá para ver
qual era a parada e agora eu estou tendo a oportunidade. Não estou
lutando mais pelo time azul, estou lutando pelo Brasil inteiro e lutando
principalmente pelo TUF Brasil, em uma maneira de mostrar que o TUF que
existir no Brasil vai ter o nível mais alto que o TUF de onde for. Quem
acompanha MMA sabe que os brasileiros estão conseguindo dominar as
categorias. Ainda bem que hoje quem domina a categoria é um brasileiro e
acho que esse cinturão, se depender de mim, não vai sair daqui. Estou
muito feliz por essa oportunidade.
O TUF 15 trouxe à
tona essa questão da qualidade do reality show lá de fora e o do Brasil.
Você chegou a assistir essa edição dos TUF nos Estados Unidos?
Vi na internet e tem poucas coisas do meu adversário.
Você assistiu à
luta final do Sam Sicilia, seu adversário no UFC Rio 3, na TUF 15
Finale, quando ele nocauteou o brasileiro Cristiano Marcello?
Já.
Ele é um cara que não chuta. No chão, acho que sou um pouco melhor do
que ele, mas sei que o punch dele é mais forte que o meu. É um cara que
lutava nos 70kg, que é uma categoria acima da minha. A diferença dos
brasileiros para os americanos é que os brasileiros têm talento e
confiam nisso. Os americanos criam o seu próprio talento. Acho que eles
treinam mais do que os brasileiros. Às vezes os brasileiros são mais
talentosos que os americanos, mas com a determinação deles, eles se
tornam mais forte. O brasileiro confia no talento e o americano não.
Eles criam o próprio talento. Eles se tornam mais forte.
Você acredita que os americanos acabam equilibrando as ações ou sendo até superiores por isso?
Acho
que eles se tornam mais fortes. Tem pessoas que nascem com talento e
confiam nisso. Alguns caras que criam o próprio talento, eles são bons.
Se o cara já tem talento e treina, o cara vira uma lenda, que é o caso
do Anderson Silva. O cara não atrasa nos treinos nem nada. O cara tem
talento e treina muito, por isso que ele é uma lenda hoje. Ele não é
preguiçoso para treinar.
Sobre o seu adversário, ele é um nocauteador. Você pensa em levar a luta para o chão?
Eu
assisti a luta dele, assisti com o meu professor de Boxe, que é o
professor de Boxe do Anderson. Ele sempre começa com a mão esquerda, é
um cara previsível, mas é um cara pegador, é um cara que mantém o ritmo
durante a luta. Eu voltei a treinar Jiu-Jitsu de pan, que é onde meu
jogo mais encaixa. Tinha deixado o Jiu-Jitsu um pouco de lado, só queria
mostrar meu lado de trocador. Nessa luta, com certeza, vou trocar com
ele, mas vou para o chão e mostrar que o Brazilian Jiu-Jitsu é um
esporte que não tem pra ninguém. Pode ser wrestler, pode ser o que for,
que o Jiu-Jitsu brasileiro ainda domina o esporte. Eu sou um faixa-preta
aqui, então vou provar que o Jiu-Jitsu está na veia ainda. Tenho alunos
que falam: ‘pô, você não faz mais Jiu-Jitsu, abandonou as aulas’. Vou
trabalhar mais de pano agora.
Ainda mais no Rio de Janeiro, que foi o celeiro da família Gracie.
Vou honrar o Rio de Janeiro.
Arrancar uma finalização no Rio seria demais, não é?
Seria.
Ele é um cara duro. Não gosto de comentar luta porque luta é luta, mas
do mesmo jeito que eu penso em fazer com ele, em começar a luta, acabar
em três segundos com uma mão na cara dele, ele pensa também em acabar em
dois com a mão no meu queixo. É imprevisível. Eu sei o perigo que eu
levo e sei o perigo que eu corro durante a luta. Hoje em dia, estou
ficando mais cauteloso. Antigamente eu não sabia o risco que eu corria.
Estou seguindo meus córneres.
Contra o Pepey, na
final do TUF Brasil, vi que você lutou com tranqüilidade, sem se
afobar, e foi pontuando durante os três rounds. Essa era a intenção para
aquela luta?
Para
quem assiste, quem entende de luta, sabe que eu fiz uma luta mais
estratégica. No segundo round fiquei administrando, tranquilo e tal.
Infelizmente, quando as pessoas compram o ingresso do UFC, é fato: eles
torcem para ver a desgraça dos outros (risos). Eles torcem para o cara
chegar lá, levar uma joelhada, cair desmaiado. Os caras querem ver isso.
Os caras que compram ingresso do UFC não querem ver luta técnica,
querem ver dois homens lutando. Querem que a luta acabe em um minuto. É a
mesma coisa quando eu compro ingresso para o circo: quando aquele cara
está passando naquela cordinha lá, eu torço para ele ultrapassar porque é
o que ele vai fazer. Só se ele cair que é uma coisa excepcional,
diferente (risos). Não torço para o cara domar o leão, torço para o leão
domar o cara. Quer ver uma do Georges St. Pierre, de cinco rounds,
técnica? É chato.
A sua luta conta o
Pepey foi uma luta técnica e foi alvo de crítica, inclusive do Dana
White. Você pretende dar um presente para a galera com uma grande luta
no Rio?
Uma
coisa que eu tenho certeza para essa luta: ou vai cair lá ou vai cair
aqui. Não tem como. Ele é pegador, brigador e eu sou pegador e brigador.
Com o Pepey foi diferente. Todos que subestimaram o Pepey foram
finalizados. Eu sabia o quanto ele era bom, sabia. O cara chegou na
final do TUF, tinha o valor dele. Por isso que eu tentei evitar (o jogo
de chão). Foi através do Wagner Galeto que eu montei uma estratégia para
ganhar dele. O Vina caiu no jogo dele, foi pra dentro. Era um cara que
tinha muito gás, um finalizador e oportunista. Essa luta é diferente. O
Sam Sicilia não vai dar essa preocupação de ele me finalizar. É lógico
que luta é luta e ele pode finalizar. Mas o jogo dele é em pé, o oposto
de Pepey. Ou cai lá ou cai aqui. O Sam Sicilia é um cara de seis
nocautes e cinco finalizações. Ele ganhou 11 lutas, sendo 8 no primeiro
round. Ele é um cara gente boa, eu também sou gente boa, mas na hora lá é
profissional. Se eu estivesse do lado de fora, ia torcer para ele, mas,
como estou do lado de dentro, vou torcer para mim (risos). Acho que
essa luta não passa do primeiro round, tanto para o lado dele como para o
meu.
Vai ser boa para levantar a galera.
Vou
apagar a final do TUF. Ele é o domador de leão e eu sou o leão. Quem
sabe, dessa vez, quando você comprar o seu ingresso o leão dome o
domador.
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