Em 1936, durante a Olimpíada de Berlim, os irmãos Dassler, empresários alemães que dirigiam uma pequena fábrica de calçados, ofereceram um par de tênis a um corredor americano chamado Jesse Owens. Ele ganhou quatro medalhas de ouro e a jogada dos irmãos inaugurou o marketing esportivo. Desde então muitas histórias sobre patrocinados e patrocinadores tem ilustrado esse relacionamento. A bem sucedida parceria entre Ronaldo Fenômeno e a Nike ou a recusa de Ronaldinho Gaúcho em entrar com uma estrela, estampada na camisa, piscando graças a energia das pilhas Duracel, são dois casos novos envolvendo o futebol.
O MMA também tem seus “cases” sobre marketing esportivo. No fim de 2007, o então campeão do UFC Rodrigo Minotauro, na época o principal ícone brasileiro das artes marciais mistas, recebeu uma proposta para que sua imagem estampasse uma nova marca de artigos de artes marciais chamada Pretorian, a marca ainda não tinha iniciado sua distribuição e a imagem do Minotauro seria o grande chamariz para as vendas.
Minotauro e Pretorian fecharam acordo de participação em vendas (royalty) de 6%. No primeiro ano ele ganhava pouco mais de R$ 1800,00 por mês sobre as vendas, mas o negócio prosperou e a Pretorian cresceu. Em junho de 2011 a participação de Minotauro alcançava cerca de R$ 70.000,00 mês.
Era véspera do UFC Rio quando Minotauro, desacreditado, vindo de cirurgias e com ameaça de aposentadoria precoce, recebeu uma notificação dizendo que não mais fazia parte da Pretorian. Era uma carta de quatro linhas. Bem diferente dos três meses de negociação e jantares para fechar a parceria há quase quatro anos.
Minotauro se sentiu traído. Não havia nada no contrato que impedisse o rompimento. Mas a marca tinha sido forjada sobre a imagem dele desde o princípio. Junto com o professor de jiu-jitsu Tiago Cruz, foi Minotauro quem batizou a companhia de Pretorian. Nas conversas que teve com Ruy Drever, dono da empresa, sempre ouvia que um dia a marca lhe renderia grandes lucros.
Três dias antes de comunicarem a Minotauro que ele perderia o contrato, a Pretrorian preparou uma festa de gala em São Paulo para apresentar uma nova loja. Estavam lá todos os atletas patrocinados pela marca. Inclusive Minotauro. Mas o destino dele já estava selado. Numa reunião algumas semanas antes Ruy decidira que seria mais inteligente investir os R$ 70 mil do Minotauro em novos talentos. Com aquela bolada daria para patrocinar pelo menos uns cinco atletas. Tem lutadores como o campeão peso pena José Aldo recebendo apenas R$ 5 mil reais mensais de outras marcas.
Minotauro dormiu mal por um semana, garantiu um de seus treinadores. Ele estava em ritmo de treino para o UFC Rio. Era tudo ou nada naquele evento promovido em agosto. Tinha que vencer para não ser cortado. Venceu de maneira triunfal. Foi o momento mais marcante daquela noite. No dia seguinte Ruy telefonou para ele, segundo ouvi de um amigo próximo. Queria dar os parabéns. Minotauro não escondeu a mágoa. Se queixou do rompimento de contrato na véspera da luta. Reclamou de ter sido desacreditado pela empresa. Ouviu de Ruy que não estava preparado para o mundo dos negócios. Não se falaram desde então.
O atleta peso pesado não se queixou ainda publicamente sobre o fim da parceria. Quando quase ousou comentar esse assunto numa entrevista ao Sportv acabou sendo ameaçado de processo pela Pretorian. Isso parece ter intimidado o lutador. Tentei cavar com ele mais detalhes sobre o caso, mas Minotauro prefere ficar mudo. A Pretorian também tem evitado tocar nessa história.
Depois de romper com Minotauro, a empresa tratou logo de contratar Junior Cigano, considerado por muitos na época como o próximo campeão dos pesados do UFC. Golaço ou melhor nocaute da Pretorian. Cigano, no último dia 12 de novembro, se tornou campeão do mundo com exibição ao vivo pela Globo e a marca teve uma exposição gigantesca. A questão é: a empresa agiu certo com o Minotauro? Tudo que importa são os lucros? É esse o relacionamento que se espera entre patrocinadores e patrocinados?
Voltando ao inicio, os irmãos Dessler, aqueles pequenos fabricantes que enxergaram no marketing esportivo um grande negócio, fundaram duas das maiores empresas esportivas do mundo, a Adidas e a Puma. E Jesse Owens, um dos maiores atletas olímpicos de todos os tempos, ganhou apenas um par de tênis.
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O MMA também tem seus “cases” sobre marketing esportivo. No fim de 2007, o então campeão do UFC Rodrigo Minotauro, na época o principal ícone brasileiro das artes marciais mistas, recebeu uma proposta para que sua imagem estampasse uma nova marca de artigos de artes marciais chamada Pretorian, a marca ainda não tinha iniciado sua distribuição e a imagem do Minotauro seria o grande chamariz para as vendas.
Minotauro e Pretorian fecharam acordo de participação em vendas (royalty) de 6%. No primeiro ano ele ganhava pouco mais de R$ 1800,00 por mês sobre as vendas, mas o negócio prosperou e a Pretorian cresceu. Em junho de 2011 a participação de Minotauro alcançava cerca de R$ 70.000,00 mês.
Era véspera do UFC Rio quando Minotauro, desacreditado, vindo de cirurgias e com ameaça de aposentadoria precoce, recebeu uma notificação dizendo que não mais fazia parte da Pretorian. Era uma carta de quatro linhas. Bem diferente dos três meses de negociação e jantares para fechar a parceria há quase quatro anos.
Minotauro se sentiu traído. Não havia nada no contrato que impedisse o rompimento. Mas a marca tinha sido forjada sobre a imagem dele desde o princípio. Junto com o professor de jiu-jitsu Tiago Cruz, foi Minotauro quem batizou a companhia de Pretorian. Nas conversas que teve com Ruy Drever, dono da empresa, sempre ouvia que um dia a marca lhe renderia grandes lucros.
Três dias antes de comunicarem a Minotauro que ele perderia o contrato, a Pretrorian preparou uma festa de gala em São Paulo para apresentar uma nova loja. Estavam lá todos os atletas patrocinados pela marca. Inclusive Minotauro. Mas o destino dele já estava selado. Numa reunião algumas semanas antes Ruy decidira que seria mais inteligente investir os R$ 70 mil do Minotauro em novos talentos. Com aquela bolada daria para patrocinar pelo menos uns cinco atletas. Tem lutadores como o campeão peso pena José Aldo recebendo apenas R$ 5 mil reais mensais de outras marcas.
Minotauro dormiu mal por um semana, garantiu um de seus treinadores. Ele estava em ritmo de treino para o UFC Rio. Era tudo ou nada naquele evento promovido em agosto. Tinha que vencer para não ser cortado. Venceu de maneira triunfal. Foi o momento mais marcante daquela noite. No dia seguinte Ruy telefonou para ele, segundo ouvi de um amigo próximo. Queria dar os parabéns. Minotauro não escondeu a mágoa. Se queixou do rompimento de contrato na véspera da luta. Reclamou de ter sido desacreditado pela empresa. Ouviu de Ruy que não estava preparado para o mundo dos negócios. Não se falaram desde então.
O atleta peso pesado não se queixou ainda publicamente sobre o fim da parceria. Quando quase ousou comentar esse assunto numa entrevista ao Sportv acabou sendo ameaçado de processo pela Pretorian. Isso parece ter intimidado o lutador. Tentei cavar com ele mais detalhes sobre o caso, mas Minotauro prefere ficar mudo. A Pretorian também tem evitado tocar nessa história.
Depois de romper com Minotauro, a empresa tratou logo de contratar Junior Cigano, considerado por muitos na época como o próximo campeão dos pesados do UFC. Golaço ou melhor nocaute da Pretorian. Cigano, no último dia 12 de novembro, se tornou campeão do mundo com exibição ao vivo pela Globo e a marca teve uma exposição gigantesca. A questão é: a empresa agiu certo com o Minotauro? Tudo que importa são os lucros? É esse o relacionamento que se espera entre patrocinadores e patrocinados?
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