terça-feira, 20 de julho de 2010

CIGANO NÃO SUBSTIMA O "BARRIGUDO" NELSON


Grande esperança brasileira de cinturão entre os pesos pesados no UFC, Junior Cigano terá pela frente o americano Roy Nelson no UFC 117, duelo que definirá o próximo candidato ao título da categoria. Jornalista da TATAME, Guilherme Cruz entrevistou Cigano a pedido do site russo ValeTudo.ru e conversou sobre sua inspiração a Rodrigo Minotauro, a carreira, o sonho de conquistar o cinturão da categoria e muito mais. Confira abaixo o bate-papo com a fera, que venceu as cinco lutas que fez no UFC.

Como está a sua preparação para a luta contra o Roy Nelson?
Está muito boa. Comecei treinando um pouco de Wrestling lá nos Estados Unidos, com o Phill Davis e o Mark Muñoz e agora estou aqui no Brasil, em Salvador, e o treino está muito bom com o (Rodrigo) Minotauro, (Rogério) Minotouro e todo o pessoal me ajudando muito, o pessoal local, o pessoal que eu sempre treinei, e eles estão me ajudando no meu treino. Meus treinos estão ótimos e eu estou me sentindo muito bem e acho que vou estar bem preparado para essa luta.

Ele é um cara que não tem um condicionamento físico exemplar e gosta da luta em pé. Você mudou alguma coisa na sua preparação por causa disso?
Na verdade, não. A gente vem estudando um pouco do Roy Nelson e ele é um cara bastante perigoso, um cara que gosta da trocação, sai da parte do chão correndo. Mas é um cara perigoso, está com boas vitórias, então a gente tem que tomar cuidado, por mais que ele tenha um físico que não é tão benéfico para ele, mas ele é um cara perigoso. A gente continua o nosso treino normal, de sempre, e eu vejo sempre a minha próxima luta como a mais importante. Para chegar ao título, você tem que ganhar suas lutas e levar isso com muita seriedade, por isto eu estou treinando muito duro para poder surpreender ele.

Qual é a importância do Rodrigo Minotauro no seu desenvolvimento enquanto lutador?
Ele é tudo na minha carreira, é uma das pessoas que acreditou em mim, que me ensinou tudo que eu sei hoje e ajudou a alavancar a minha carreira. Sem ele, eu não teria condições de estar aqui hoje e ter os resultados que eu tenho, então eu devo tudo para o cara. Ele sempre esteve comigo, me ajudou, me ensinou, ficou colado comigo nos treinos me ensinando como é enfrentar um top do MMA e eu me sinto muito privilegiado de poder estar do lado de uma pessoa como é o Rodrigo. Além de muito humilde, ele se empenha para te ajudar e agora que ele está aqui na Bahia, ele me dá uma força aqui. Eu sou muito grato a ele, ele é como um irmão para mim, mais até do que um irmão porque ele me ajuda e me deu o caminho das pedras e eu devo muito a ele.

Se ele tem essa importância tão grande na sua formação como lutador, porque você tem a maioria das suas vitórias por nocaute e não no jogo de chão, que foi o que o tornou tão famoso?
Quando eu comecei a treinar, eu comecei no Jiu-Jitsu também. Depois de a gente treinar mais de um ano Jiu-Jitsu, eu fiz a minha primeira luta de Vale Tudo e aí eu conheci o (Luiz Carlos) Dórea, que começou a me ensinar Boxe. Comecei a treinar Boxe todo dia e gostei, então eu treinava seis vezes por semana Boxe e três vezes por semana, mais ou menos, o Jiu-Jitsu. Virou uma paixão e eu acabei me focando no Boxe porque me senti muito mais confortável na trocação do que no Jiu-Jitsu. Apesar de amar o Jiu-Jitsu, hoje em dia eu me sinto muito confortável lutando Boxe, trocando e é isso que tem trazido esses resultados aí. Como eles falam aqui, eu tenho pegada, mão pesada, então eu tenho condições de nocautear e eu acredito nisso. Procuro sempre correr atrás do nocaute contra quem quer que seja. Soltar bons golpes no meu adversário e acertando bons golpes, eu tenho certeza de que eles vão pro chão.

Nenhum dos seus adversários, nessas cinco lutas que você fez no UFC, tentou te levar para o chão para manter a luta por ali. Você acha que eles subestimaram o seu poder na trocação?
Alguns subestimaram e outros não tiveram a oportunidade de me botar para baixo, talvez fosse a intenção deles, mas não tiveram tempo. Eu treino também muito Wrestling hoje em dia, é uma das artes com a qual eu tenho me identificado muito, gosto de treinar Wrestling e eu treino bastante isso para justamente não me levarem para o chão e, se me levarem, quem vai dar a queda vai ser eu. Eu acho que o empenho nos treinos e por eu acreditar muito na minha trocação, eu consigo ficar em posições onde fica complicado dos adversários me botarem para baixo e me manterem lá. O Napão conseguiu me colocar para baixo, mas eu acredito que eu consegui um movimento bem feito e voltei para a luta em pé. Eu me sinto confortável aí, mas caso a luta vá para o chão, eu vou estar preparado porque, como você disse, eu treino com o Minotauro, e não existe escola melhor do que essa no chão.

Desde que você entrou no UFC, em 2008, você acha que evoluiu como lutador? Você acha que é um lutador melhor hoje do que era naquela época?
Muito melhor. Hoje em dia eu tenho uma diferença, que é uma experiência maior aí. E eu posso te dizer que eu estou me sentindo melhor e mais confortável nas lutas e podendo desenvolver. Quanto mais confortável você se sente, você consegue desenvolver mais o que você sabe. Eu estou me sentindo assim e acho que é um momento de crescimento na minha carreira, se Deus quiser, eu vou continuar crescendo da mesma forma que eu estou caminhando agora: com grandes nocautes, grandes lutas e grandes vitórias.

O Minotauro acabou derrotado pelo Cain Velasquez na luta que eles fizeram. Você tem vontade de vingar essa derrota do seu ídolo?
Vingar não. Vingar não faz parte dos meus desejos, tanto que o que o Rodrigo me ensinou não foi isso e eu acho que ele mesmo pode fazer a dita “vingança” dele. Ele pode lutar e fazer o resultado dele... Luta é luta, a gente nunca sabe o resultado. Aconteceu que ele pegou ali e o Velasquez teve um resultado melhor, mas eu acredito que ele possa voltar, fazer grandes lutas e, futuramente, pegar o Cain Velasquez e poder fazer a revanche dele. Mas uma luta contra o Cain seria legal porque é o momento, o cara está muito bem no UFC e, com essa vitória sobre o Rodrigo, ele está em uma crescente muito boa, então é uma luta que me interessa muito, mas por isso, por ele estar em um momento bom. Seria uma luta boa de assistir, de se ver e o vencedor se fixaria como o top da categoria hoje.

Você acha que o auge da carreira do Rodrigo já passou ou você acredita que ele ainda possa atingir o topo da categoria?
Como eu disse, eu acho que ele tem condições ainda, é um cara muito duro, ele nasceu para ser lutador e eu tenho certeza de que, com o treinamento certo e se ele se focar bastante nesse objetivo, ele pode voltar a ser um grande aspirante ao cinturão ou até mesmo o campeão.

Muitas pessoas criticam o UFC e falam que eles protegem os americanos, principalmente no peso pesado. Você acredita que eles privilegiam esses lutadores no casamento das lutas?
Eu não sei. Acho que os americanos que estão bem na categoria têm méritos, são bons mesmo, são bons lutadores, então não vejo muito isso de proteção. Pode até ser, mas eu não vejo muito assim não e eu procuro sempre mostrar o meu melhor e estar bem preparado para poder dar um bom show para o público, seja contra quem for... Seja contra americano ou até mesmo brasileiro, não interessa o adversário. Adversário é adversário e você tem que estar pronto para fazer grandes lutas e conquistar grandes vitórias.

Quantas lutas você tem mais no seu contrato com o UFC? Você está satisfeito com a sua parceria com o evento?
Eu tenho duas lutas a mais no meu contrato com o UFC, eu acho. As coisas estão andando ainda e eu acho que esse é o meu primeiro contrato depois da luta do (Fabrício) Werdum e as coisas estão andando. Em breve eu vou estar com um contrato melhor, espero isso e vou dar o meu melhor para o pessoal sempre assistir grandes lutas e satisfazer os grandes fãs de MMA, porque hoje essa é a minha vida e eu amo fazer isso.

Você acha que as regras do UFC privilegiam os strikers ou os grapplers? Você preferiria lutar com as regras do Pride ou mesmo do Vale Tudo?
Eu acho que as regras não privilegiam os grapplers ou os trocadores, acho que foram regras que eles inventaram sim e o lutador tem que se adaptar às regras do evento aonde ele luta. Eu tento sempre estudar e usar as regras a meu favor. Sejam as regras do Pride ou do UFC, eu acho que é o lutador que tem que se adaptar.

Você é um dos pesos pesados mais atléticos, ao contrário da maioria dos lutadores que normalmente tem uma barriguinha. Você acha que esses músculos todos te ajudam ou acabam te atrapalhando nos seus treinos, na preparação e até mesmo nas lutas?
Eu tento sempre me manter bem. Acho que é o treinamento duro que me mantém assim, com o físico muito bom, o meu treino é muito duro sempre, então eu faço que isso me faça estar bem comigo mesmo e eu gosto de estar assim. É o jeito que eu me sinto bem, que eu me sinto rápido. Muitas vezes as pessoas falam para eu subir de peso e ficar no limite da categoria, mas eu acho que esse é o peso ideal para mim porque eu posso ser rápido e forte ao mesmo tempo, então eu me sinto muito bem do jeito que eu sou.

Fonte: Tatame

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