segunda-feira, 4 de abril de 2011

THIAGO SILVA REVELA COMO E POR QUE FOI FLAGRADO NO EXAME ANTIDOPING NO UFC

Flagrado no exame antidoping após sua luta no UFC 125, em janeiro, o brasileiro Thiago Silva não se pronunciou até o resultado oficial da Comissão Atlética de Nevada, que confirmou que sua urina havia sido adulterada.

Logo após o anúncio, o atleta escreveu uma carta aberta que foi divulgada entre os principais sites especializados em lutas no EUA. Enquanto espera a decisão da pena que irá cumprir, que será divulgada neste quinta-feira (7), Thiago falou pela primeira vez desde o acontecido e aceitou explicar o ocorrido em uma entrevista exclusiva ao R7, quando alegou ter usado uma sibstância para mascarar o uso de “pain killers”, anestésicos proibidos peça Comissão Atlética de Nevada.

Um dos melhores meio-pesados (93 kg), o brasileiro por duas vezes esteve próximo de disputar a cinturão da categoria mais equilibrada do mundo, mas, coincidentemente, perdeu nas duas ocasiões – as únicas da carreira, que conta com 15 vitórias, sendo 11 por nocaute -, justamente em períodos que lesões na coluna o afastaram dos treinos.

Recentemente, o americano Brandon Vera, que foi demitifo do evento após a fraca atuação diante de Thiago no UFC 125, foi reencorporado ao plantel de lutadores da maior organização de MMA do mundo.

Confira a seguir a entrevista completa com Thiago silva:

R7 - Como está sua cabeça depois de tudo isso?
Thiago Silva - Para ser bem sincero, eu estou super tranquilo. Se eu fiz o que eu fiz, é porquê teve uma justificativa. Acho que tem certos momentos na nossa vida que tomamos certas decisões, que nem sempre elas são as corretas. Mas tenho família e pessoas que dependem de mim, e, querendo ou não, a luta é o meu sustento. Estou com a minha cabeça tranquila, fiz o que eu fiz e está ai o resultado.

R7 - Como exatamente ocorreu o uso da substância, e qual era ela?
Thiago - Tudo começou há mais de um ano, quando eu lutei com o Rashad Evans. Machuquei minha coluna uma semana antes da luta, daí fiz os exames e descobri que tinha três hérnias de disco em estágio avançado na coluna lombar. Nesses sete dias eu fiquei sem conseguir andar, deitado tomando antinflamatórios. Fui lutar e perdi, porque não conseguia fazer nada, a não ser usar meus braços. Machuquei ainda mais minha coluna, e ela erradiou para a perna direita, tive uma contusão no nervo e perdi os movimentos da minha perna direita. Fiquei mais de 20 dias de cama e perdi mais 70% da musculatura da minha perna. Foram os piores 20 dias da minha vida. Fiz um ano de fisioterapia. Melhorei e fui escalado para enfrentar o Brandon Vera. Em um treino de wrestling eu tive uma torção na coluna no mesmo lugar e lesionei de novo. Mas decidi não desistir da luta, porque fiquei um ano sem lutar, mas gastando né? Aqui nos EUA, médico é muito caro, mesmo com plano de saude. Então eu gastei muito dinheiro e decidi lutar. Daí tomei uma injeção com coquetel de “pain killers”, que são tipo um anestésico para não sentir dor. Só que eles são proibidos pela Comissão Atlética, e eu, com medo de cair no antidoping, eu tomei um remédio para mascarar o “pain killer”, que foi o que aconteceu. Eles não acharam substância nenhuma, mas viram que a urina estava adulterada. Não foi a decisão correta, mas eu tinha que lutar e pagar as minhas contas.

R7 - Então você tomou um remédio para mascarar a urina? Li até que a urina poderia não ser humana...
Thiago - Tomei o remédio, não é que eu burlei e peguei uma outra urina. Primeiro porque não tem como. Quando você faz o exame você está na frente do perito, ele fica te olhando. Não tem como você trocar a urina. Ele fica te vendo urinar na frente dele. Por isso que te falo, eu amo meu país, mas a grande parte das pessoas destorcem as coisas demais. Muita gente não valoriza os próprios atletas. É por isso que eu as vezes não falo para sites brasileiros. Não recomendo isso a ninguém, acho que foi errado, mas como te disse, tenho família, e por ela eu faço qualquer coisa. Claro que errar uma vez é humano, e persistir é burrice, então não vou fazer isso de novo.

R7 - E você já tinha tomado esse remédio para burlar o exame alguma outra vez?
Thiago - Não, foi a primeira vez. Eu nunca tinha usado nada. Eu tenho muitas lutas no UFC, praticamente em 90% delas eu fiz exame antidoping, antes e depois da luta. Até exame de sangue eu já fiz, e nunca fui acusado. Meu único problema foi realmente a minha coluna. É muito fácil para quem está de fora dizer que eu me dopei. Eu nunca usei anabolizante, nunca tomei nada. Tomei “pain killers”, anestésicos para eu não sentir dor. Inclusive, quando eu acabei a luta a primeira coisa que eu fiz foi ir para o hospital. Porquê já estava passando o efeito do “pain killers”, e eu tive que fazer repouso e fisioterapia. Dormi com gelo na coluna a noite inteira. Fiz o que eu fiz para poder lutar e fazer o meu papel. É a única coisa que eu sei fazer, é o que paga as minhas contas.

R7 - Você se arrepende do que fez?
Thiago - Para ser sincero, o que eu fiz não foi uma coisa certa. Arrependimento a gente sempre tem um pouco, mas foi o que te falei: fiz isso para proteger minha família. Por eles eu faço qualquer coisa.

R7 - E quando você começou a sentir dores nas costas?
Thiago - Eu já tenho essa lesão faz muito tempo. Eu já tinha me machucado quando foi marcada minha luta com o Lyoto a primeira vez. Daí quando me recuperei a gente lutou, e depois dessa luta as lesões aumentaram. Eu tenho dores todos os dias, para você ter uma ideia, eu faço fisioterapia todos os dias. Faço a preparação física e a fisioterapia, tudo voltado para a minha coluna. Afinal, eu só tenho 28 anos e já tenho três hérnias de disco em estágio avançado. Eu tenho que lutar ainda por um bom tempo e fazer um dinheiro. Não vim de família rica, pelo contrário, já passei por muita coisa difícil na vida, teho que ter uma estabilidade. Enquanto eu tiver forças e vou lutar.

R7 - E depois disso tudo, como você vê seu futuro no MMA?
Thiago - Meu futuro no MMA é muito simples. Vou cumprir minha suspensão, e vou voltar a lutar. Muitos atletas já passaram por isso e cumpriram sua punição e voltaram. É o que eu vou fazer. Aproveitar esse tempo para curar ainda mais as minhas costas, vou voltar 100% e ainda vou lutar pelo cinturão, você pode ter certeza. Sou profissional, não estou lá a toa. Tenho o objetivo de estar no topo, e é o que eu vou fazer, nada vai me parar. Foi minha culpa? Foi. Sou homem de assumir o que faço. Tem vários lutadores que negaram e estão até hoje tentando provar inocência.

R7 - E você chegou a conversar com sua equipe antes disso?
Thiago - Não, jamais iria colocar a minha equipe em uma situação dessas. Eles são muito profissionais, acho que se eu comentasse isso eles iriam dar um jeito de cancelar a luta sem eu saber. Tudo que eu fiz foi minha decisão. Foi até um choque para eles, porque eu também não comentei depois da luta. Sou assim, se eu tenho que fazer alguma coisa, eu faço sozinho.

R7 - E depois que o resultado foi divulgado, você conversou com eles?
Thiago - Sim. Eles ficaram meio chateados porque queriam que eu tivesse falado. Mas, assim, eu já estava fazendo algo errado e não queria arriscar outras pessoas comigo. Não seria honesto da minha parte. Querendo ou não, eles estão sempre do meu lado e fazem tudo por mim. Se eu fizesse algo assim eu não conseguiria nem me olhar no espelho. Jamais alguém vai me ver fazendo algo de errado e jogando a culpa nos outros.

R7 - Já se reuniou com a alta cúpula do UFC para explicar a situação?
Thiago - Não conversamos, mas devemos nos encontrar em breve. Assim que saiu o resultado do exame eu já fiz a carta para explicar o que aconteceu e agora estou esperando para fazermos uma reunião.

R7 - Qual pena vocÇe acredita que será imposta?
Thiago - Provavelmente de nove a 12 meses.

R7 - Você tem medo de ser demitido do UFC?
Thiago - Tenho receio. O UFC sempre foi bom para mim, me deram muito apoio. Estou no evento desde 2007, tenho muita consideração com eles. Por isso que na carta eu pedi desculpas para eles, para os meus fãs e para a Comissão Atlética. Mas eu fiz o que eu fiz, e se eu for demitido, a culpa é inteiramente minha. Daí eu vou correr atrás, lutar outros eventos e voltar, não tem jeito. Se você está no topo uma hora você volta. Você tem que lutar para vencer os melhores, e se fizer isso você sempre será bem visto.

R7 - E você tem acompanhado as notícias que saíram aqui no Brasil?
Thiago - Para ser bem sincero eu acompanho mais aqui nos EUA. Na minha casa não tem canal brasileiro, e eu sou bem ocupado, não tenho tempo para ficar muito tempo na internet. Respondo meus e-mails pelo telefone mesmo. Tenho que treinar, cuidar da minha academia e dos meus alunos. Tenho excelentes atletas que estão se revelando. Também não posso perder meu tempo lendo o que estão falando de mim. Sei o que eu fiz e as consequências. Vou olhar pra frente e trabalhar.

R7 - A carta que você enviou aos sites nos EUA, você acha que pode te ajudar?
Thiago - Se ajuda ou não, eu não tenho a mínima ideia, mas ajuda na minha consciência. Não quero passar por mentiroso. Eu seria mais idiota do que já fui se eu ficasse negando o que fiz pelo resto da minha vida.

R7 - Em fóruns especializados, muita gente especula que sua pena pode ser maior por, além de usar uma substãncia ilegal, tentar mascarar o resultado da comissão. Você acha que isso pode acontecer?
Thiago - Não sei. O que você acha que seria pior, se encher de bomba, ou mascarar um “pain killer”? Vai do critério dos juízes e da Comissão Atlética. Não dá para comparar com outros casos porque cada estado tem uma Comissão e uma lei própria. Pelo que o meu manager me disse, a pena em Nevada é de um ano.

R7 - E como você vê sua imagem depois de todo esse caso??
Thiago - Não das melhores, mas teve uma justa causa. Para ser sincero, eu não ligo muito para o que as pessoas vão ficar falando, vou focar em fazer meu trabalho.

Fonte: R7

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