Maior empresário do esporte da última década, Midas do MMA, exemplo de empreendedor em um ramo absolutamente abandonado. Os holofotes e aplausos estiveram elevando o nome de Dana White ao longo dos últimos anos. Sim, seu trabalho à frente do UFC é digno de congratulações. Todos sabemos da belíssima história onde ao pegar uma organização falida e desacreditada, os irmãos Fertitta e Dana, conseguiram transformar um esporte proibido em diversos estados americanos, e considerado barbárie, em máquina de fazer dinheiro com eventos por todo o mundo. A escalada ao topo do MMA mundial foi dura, trabalhosa, e exigiu práticas predatórias em diversas oportunidades. Não podemos definir realmente a razão do rumo como as coisas seguiram, mas até o declínio do Pride, o UFC era considerado o “patinho feio” entre muitos dos fãs da modalidade. Mesmo contando com nomes importantes, a nata das artes marciais estava sediada no Japão, recebendo os aplausos de um público apaixonado pelo que via. Vaias quando o combate estava morno? Jamais! Apenas um espetáculo grandioso realizado para um público muitas vezes superior a 80.000 pessoas. Havia sonho, adoração e fantasia naquilo que até hoje é considerado o evento preferido da grande maioria dos apreciadores do esporte. Dana White sabia que não poderia concorrer contra o sentimento criado pelo Pride. A crise na promoção japonesa, acusada de relação com a máfia daquele país, foi responsável pelo fim da atração e White rapidamente fez questão de encerrar o problema: adquiriu o Pride e jamais permitiu a realização de outra edição.
O WEC promovia intensos duelos entre categorias leves e conquistava seu espaço ao realizar apostas certeiras em atletas competentes. Sem peso mosca, pena ou galo, novamente o UFC enxergava um problema que não poderia superar. Comprou o concorrente e abriu categorias de peso para estes atletas. No caso do Strikeforce, a promoção aproveitava competidores de altíssimo nível que por alguma razão não estavam no elenco do primo rico. Cheque na mesa e mais um adversário engolido, mais lutadores em seu grupo. O Bellator que se cuide, em breve um caminhão de dinheiro poderá ser despejado na mesa de seus diretores, ou talvez seria a hora do UFC superar os concorrentes pela qualidade e não mais deletando suas marcas após a aquisição?
É impossível, em um mercado alegadamente em franca expansão, não permitir um desenvolvimento sadio da concorrência. O resultado de tantas aquisições e enxertos foi anunciado durante esta semana. A bolha explodiu, mais de 100 cortes foram anunciados e a questão “capacidade financeira” foi trazida à tona pela primeira vez em muitos anos. Parece que até os deuses sangram.
Não são poucos os atletas que reclamam, geralmente após anunciada a demissão, de como a gestão do elenco do UFC é extremamente confusa, estressante e, muitas vezes, injusta. Você precisa entrar no octógono e oferecer uma disputa que agrade aos fãs. E isso nada mais é do que definir lutas de maneira empolgante. A conclusão é que lutas abertas, promovendo o ataque em detrimento da defesa, oferecem maiores oportunidades de nocaute ou finalização. O que deixa essa equação mais complicada é a lei não escrita do evento que em caso de duas ou três derrotas o competidor fatalmente será demitido. A linha entre ser “empolgante” e vitorioso não pode ser cruzada por todos. Alguns apenas vencem, outros apenas empolgam. Os que chegam a combinar as duas características enchem no máximo uma mão: Anderson Silva, Cigano, José Aldo e Jon Jones? Nem mesmo o avassalador campeão dos meio-médios, George St. Pierre, um dos mais dominantes da história do MMA, é unanimidade quando se trata de “dar show” durante os encontros.
É uma questão que divide opiniões, sem dúvida. Dana White pergunta frequentemente em coletivas de imprensa quanto seus lutadores querem ganhar de dinheiro, relacionando a qualidade das apresentações com o potencial midiático desenvolvido pelos atletas. É uma questão correta, visto que os números de venda de pay-per-view praticamente definem o quanto White ama determinado lutador. Vendeu bem, entra para o clube.
Em um esporte ainda iniciante, sim, o mercado costumeiramente vai tentando se adequar ao que o dominante UFC dita. A grande novidade sobre a reformulação gigantesca no quadro de competidores da maior promoção de MMA da atualidade lança dúvidas sobre a condução dos negócios da empresa daqui para frente: aposta na qualidade total sem tanta quantidade? Permitir o desenvolvimento de atletas em promoções rivais? Encerrar a prática destrutiva relacionada a qualquer obstáculo no caminho?
Dana White está pagando apenas metade da conta de tantos investimentos no passado, mas engana-se quem pensa que isso tire o sono do empresário. O UFC seguirá lucrando milhões de dólares a cada semana, muito diferente das dezenas de futuros desempregados que arcarão com o restante desta conta, resultado da, PASMEM, má administração de White neste quesito. Acredite, até mesmo ele pode cometer erros.
por Rodrigo Peixoto em colaboração ao MMA Space
Foto: Scott Cunningham/Getty Images
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