Alistair Overeem é conhecido pela língua ferina e sem papas quando opina sobre o ‘circo’ dos esportes de combate. Campeão peso pesado do Strikeforce (segunda maior franquia de MMA do mundo), o holandês é o típico grandalhão falastrão, que promove combates com base no discurso provocativo contra os concorrentes mais próximos. “Lutar é consequência da personalidade de cada um. É um mundo onde só há fracos e fortes”, disparou, neste bate-papo exclusivo para o Yahoo! Esportes.
Além de Overeem, o brasileiro Fabrício Werdum e o russo Emilianenko Fedor compõem atualmente a trinca de destaque na categoria do evento americano. O holandês tem o cinturão em posse. Fedor, um dos maiores mitos da história da modalidade (ex-campeão do Pride, extinto evento japonês), é um dos grandes trunfos da organização. E Fabrício até então corria por fora como terceiro nome mais forte.
O panorama permaneceu inalterado até junho, quando o brasileiro aplicou a primeira derrota por finalização (triângulo combinado com chave de braço, no primeiro round) na carreira do russo. Uma vitória histórica, que bagunçou a hierarquia da categoria e o já famoso critério atribulado na escolha dos desafiantes pelos organizadores do Strikeforce. “Não importa se você foi um ‘Deus dourado’ no Japão, ou se é o queridinho do momento. Todos têm de se credenciar para lutar comigo, e não o contrário. O campeão ainda sou eu. O resto tem de pegar a fila e esperar”, endossou Overeem.
Vira e mexe - O grande sonho dos aficionados e especialistas seria justamente o desafio Fedor x Overeem, ainda este ano. Mas os já conhecidos imbróglios contratuais do russo empacaram novamente firmar o compromisso. “Os empresários (de Fedor) se acovardaram por um ano. E agora já será improvável acontecer em 2010. Fedor morre de medo. Ele não quer duas derrotas seguidas”, disse Overeem. “Queria ter sido o primeiro a derrotá-lo. Assim, quem o venceu também vai pagar caro”, completou.
Com o revés do ídolo da Rússia, Werdum imediatamente entrou na alça de mira do campeão. “Temos contas a ajustar. Chegou a hora da revanche que esperei todos esses anos”, comentou o campeão, que já perdeu para o brasileiro em 2006, na época do Pride. Mas nem assim a ‘sorte’ parece estar ao lado do holandês. Fabrício Werdum atualmente se recupera de cirurgia no cotovelo - problema que o incomodava há anos e que teve de ser corrigido para não se tornar irreversível - e só deve voltar à competição no começo de 2011.
O presidente do Strikeforce, Scott Coker, espera que Overeem faça mais uma defesa de título ainda este ano, em outubro ou novembro. Com todos os problemas entre os desafiantes mais diretos, o brasileiro Antonio ‘Pezão’ Silva deve ser o escolhido, por tabela, para tentar fazer a cinta mudar de posse. “Nada a declarar ainda sobre isso. Não quero falar sobre tapa-buracos”, minimizou o campeão.
E se a polêmica é a tônica para sustentar a visão particular do esporte, para analisar o próprio plano de luta o papo com o holandês também foi lacônico. Ou melhor, inexistente. O até então falante campeão negou-se a responder perguntas técnicas sobre a evolução de seu estilo, típico dos strikers - ele também disputa o K-1, maior circuito de kickboxing do mundo -, que mantém a boa base em pé (especialidade dos holandeses), com destaque para as combinações de cruzados e joelhadas demolidoras, combinada com a habilidade crescente no ground and pound (atacar com o adversário no chão). “Falar dos outros é bem mais fácil”, ironizou o campeão.
No Yahoo! - O Strikeforce é considerado o segundo maior circuito de MMA do mundo. A próxima edição acontece dia 21, em Houston (Texas – EUA). Os brasileiros Rafael ‘Feijão’ Cavalcante (meio-pesado) e Ronaldo ‘Jacaré’ Souza (médio) disputam o cinturão de cada categoria contra os norte-americanos Mohammed ‘King Mo’ Lawal e Tim Kennedy, respectivamente. A cobertura completa do evento você acompanha aqui no site.
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