quarta-feira, 2 de junho de 2010

DEMANDAS ENERGÉICAS

Você está treinando de acordo com a especificidade e as demandas energéticas do seu esporte? Você conhece as demandas energéticas da sua modalidade? Jiu Jitsu, Judô, MMA, Wrestling?
Antes de começarmos a definir que tipos de demandas energéticas o MMA, Jiu-Jitsu ou Judô possuem, precisamos entender um dos princípios mais importantes do treinamento desportivo: o princípio da especificidade.
Antes de planificarmos um treinamento, precisamos conhecer que tipos de sistemas energéticos essa modalidade possui. Devemos sempre treinar de acordo com as demandas energéticas da nossa modalidade. Nós possuímos três tipos de vias energéticas. A via aeróbia e a via anaeróbia, que é dividida em alática e lática. Anaeróbia com oxigênio e anaeróbia sem oxigênio; lático com lactato e alático sem lactato.
Entendendo esses conceitos, vamos começar a descobrir que tipos de vias de energia o MMA, Jiu-Jitsu, Judô, Wrestling, possuem. Via Anaeróbia lática? Anaeróbia alática? Aeróbia, Mista ou todas incluídas?
Princípio da especificidade: Este princípio, como a própria terminologia propõe, baseia-se nas particularidades, nas características específicas da atividade. Assim, todo o treinamento deve ser direcionado em função dos requisitos específicos da própria atividade escolhida, levando-se em consideração principalmente às qualidades físicas, o sistema energético predominante e a coordenação motora exigida (técnicas específicas).
Sistemas Energéticos: ATP é energia para os músculos, assim como para todas as células do corpo, a fonte de energia que mantém tudo funcionando é chamada de ATP. O Trifosfato de Adenosina é o instrumento bioquímico que serve para armazenar e utilizar energia. O exercício é uma atividade ativa, portanto demanda muita energia. A quantidade de ATP de reserva que se tem no organismo é muito pequena: Só é capaz de ser utilizada em contrações que duram, no máximo, três segundos. Então, o organismo desenvolveu ao longo dos milênios a capacidade de ressintetizar o ATP. A musculatura esquelética possui um sistema muito eficiente (aproximadamente 20%) de transferência de energia química, do ATP, em energia mecânica, dos movimentos. A energia que obtemos para ressintetizar ATP vem dos alimentos.
Há três vias de ressíntese de ATP: Anaeróbica, que pode ser Alática (não tendo ácido lático como produto final) ou Lática (ácido lático como produto final); e aeróbica (reações que dependem do oxigênio). O processo bioquímico que deflagra esses mecanismos é a baixa do ATP de reserva, estimulando a ressíntese. Todas as vias de ressíntese de ATP são estimuladas simultaneamente; o que determina qual delas irá participar mais é a intensidade e duração de determinado exercício, pois cada uma dessas vias possui características bioquímicas diferentes. O ponto mais importante desse tema é a mensagem de que a prática de exercícios físicos é a medida de maior impacto em saúde pública, na melhoria da qualidade de vida e sobrevida, a mais barata e com maiores evidências.
Via Anaeróbica alática
O processo pelo qual há liberação de energia para ressíntese, através da via anaeróbica alática, é a hidrólise da creatina-fosfato, uma molécula existente no músculo esquelético, que se constitui em uma creatina ligada a um radical fosfatídico de alta energia. A hidrólise da molécula libera energia, que é utilizada na contração muscular; não é usado o oxigênio e não se forma ácido lático. Esta via está envolvida em exercícios rápidos ou situações de transição imediata. Um exemplo cotidiano de exercício anaeróbico alático é atividade de curta duração: dar uma corrida rápida para pegar um ônibus, subir um lance de escada, carregar um objeto por uma distância curta. Demora cerca de 8 a 10 segundos, 3 vezes a mais do que o ATP de reserva suporta (cerca de 3 segundos). Quanto mais prolongado, mais aeróbico é o exercício; depois de 2 minutos, a via aeróbica começa a se tornar prioritária.
Via anaeróbica lática
É a aceleração específica da via glicolítica, com liberação de ácido lático, que é a molécula de piruvato modificada. A vantagem da via lática é ser mais potente, mas possui como desvantagem a produção de ácido lático, após alguns segundos. Há mecanismos que inibem a via glicolítica, como a acidose intramuscular. O lactato é reaproveitado pelo organismo, entretanto, o h + livre no músculo provoca acidose muscular, causando dor e queimação. A acidose também inibe a ligação entre o cálcio e a tropomiosina, ou seja, há inibição do próprio mecanismo de contração. A duração é intermediária: mais de 10 segundos e menos de 2 minutos; para durar mais de 2 minutos, deve-se baixar a intensidade, passando a ser aeróbico. A subida de alguns lances de escada pode ser considerada como uma atividade que demanda a via anaeróbica lática.
Via aeróbica
Envolve a via glicolítica, formando ácido pirúvico que passa pela mitocôndria, ciclo de krebs e cadeia respiratória. O oxigênio chega como aceptor final de elétrons para formar água. A molécula de glicose é quebrada na via glicolítica, formando duas moléculas de piruvato, com três carbonos. No final, a molécula de glicose libera água e Co2, lembrando uma reação inversa de fotossíntese.
 A desvantagem da via aeróbica é a sua lentidão, sendo dependente de várias enzimas, de oxigênio e da passagem de piruvato para dentro da mitocôndria. Para funcionar efetivamente, demora de 1 a 2 minutos. Os exercícios tipicamente aeróbicos são de longa duração e intensidade moderada. Uma corrida ou pedalada longas podem ser consideradas como exercícios aeróbicos.
Conclusão:
Procurem sempre estar treinando de acordo com as demandas energéticas exigidas pela sua modalidade. Se você luta 3 rounds de 3 minutos exaustivamente com uma intensidade altíssima, e com períodos curtíssimos de descanso entre os rounds, você está mais próximo do sistema Anaeróbio lático, mas entenda que somando esses rounds todos, mais o tempo que você espera dentro do vestiário, o sistema aeróbio está sendo bastante requisitado também.
Agora nessa mesma disputa, no final do round, dez segundos finais por exemplo , você precisa daquela queda, daquela finalização ou daquele lindo e eficiente nocaute, o sistema anaeróbio alático está sendo bastante requisitado. Dentro desses conceitos, experimente desenvolver seu treinamento dentro da especificidade da sua modalidade. Se você num combate precisa empurrar um adversário para fora e somar pontos com isso, tente empurrar um companheiro de treino e não um carro, se você precisa tirar o adversário do chão para passar uma guarda, por exemplo, e somar pontos, levante um companheiro de treino e não um latão.
*Rodrigo Artilheiro é formado em Educação Física pelo Instituto Metodista Bennet, faixa-preta de Judô, Jiu-Jitsu e integrante da CBLA.
Fonte: tatame

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