Nem azul nem branco. Os lutadores de jiu-jítsu da equipe Deo pisaram no tatame vestidos com quimonos cor-de-rosa na quarta-feira, em uma academia na Casa do Ceará, na Asa Norte. No mês em que se intensificou a campanha contra o câncer de mama com o movimento Outubro Rosa (ver Saiba mais), o grupo homenageou a colega administradora Bárbara Monteiro de Matos, 29 anos. A lutadora foi diagnosticada com a doença e encontrou no esporte a força para vencer mais essa luta. A moradora de Águas Claras também será o destaque do 2º Campeonato Interno, evento de encerramento das atividades deste ano.
A doença mobilizou a equipe desde o diagnóstico. Além de vestir quimonos rosas, os lutadores rasparam a cabeça para ficarem igual a ela. As sessões de quimioterapia provocaram a queda dos fios, o que a deixou bastante incomodada. “Continuei o treinamento nesse período, mas fiquei com vergonha, usava sempre um lenço, precisava me acostumar. Na semana seguinte, quando apareci para lutar, vi que alguns tinham raspado a cabeça para me deixar mais à vontade”, contou, emocionada. Os colegas fizeram um vídeo do momento e colocaram na internet.
Essa ideia surgiu quando o jornalista e lutador Danniel Alencar Gomes, 30 anos, viu uma reportagem sobre um grupo de pessoas que decidiu raspar a cabeça para apoiar um amigo diagnosticado com câncer. “Levei a sugestão para o professor e marcamos com o pessoal. Na nossa academia, há muita amizade, carinho e companheirismo. Queríamos mostrar a Bárbara que ela não está sozinha e que não estamos juntos somente nos bons momentos”, afirmou.
Com o carinho e o incentivo da equipe, a jovem tem enfrentado as sessões de quimioterapia. “O sucesso do meu tratamento se deve às orações e à energia positiva que a família Deo tem me dado”, disse. A doença a deixou mais sensível. A lutadora aproveita o engajamento do grupo para chamar a atenção das mulheres. “Queremos mostrar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. E dizer que isso não é o fim, a vida continua”, apontou. O grupo fechou uma parceria com a Rede Feminina de Combate ao Câncer do Distrito Federal para divulgar a causa.
Diagnóstico
Bárbara descobriu a doença em junho deste ano. “Fui ajeitar o sutiã e percebi que tinha um caroço. No mesmo dia, marquei um médico e, em um mês, comecei a fazer a quimioterapia”, contou. A administradora frequentará as sessões até dezembro, quando estará pronta para fazer a cirurgia. O câncer dela é considerado raro, normalmente acomete mulheres acima dos 50 anos. “O importante é ter descoberto cedo. Meu caso é um sucesso e o tumor já reduziu 70% com a metade do tratamento”, comemorou.
Durante esse período, ela não deixou de treinar. Houve dias em que se sentiu mais cansada, desanimada, mas venceu os sintomas do tratamento e foi à academia. Avisava aos colegas que não se sentia bem, que o treino deveria ser mais leve. “É uma guerreira. A gente estava preocupado e ela nos surpreendeu. Nos transmite otimismo, confiança e coragem. Supera todos os adversários, no tatame e na vida, é um incentivo para nós todos”, elogiou o Grande Mestre da equipe Deo, Deoclécio Paulo, 79 anos.
O destaque na turma não é por acaso. É a única mulher faixa-preta em um grupo de aproximadamente 300 pessoas. “Queríamos fazer alguma coisa para ela se sentir acolhida. Nossa equipe é diferente. Nosso mestre nos ensina a se importar com quem está do nosso lado. Assim, ela tem tido mais ânimo e coragem para enfrentar essa doença”, comentou o professor de jiu-jítsu de Bárbara, Rodney Douza, 28 anos.
"O importante é ter descoberto cedo. Meu caso é um sucesso e o tumor já reduziu 70% na metade do tratamento”
Bárbara Monteiro de Matos, 29 anos, administradora
Alta incidência no Distrito Federal
O câncer de mama é o mais frequente nas mulheres do DF e do Brasil, segundo o mastologista e chefe do Núcleo de Detecção Precoce e Assistência da Secretaria de Saúde do DF, Farid Buitrago. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa para 2012 é que surjam 880 novos casos da doença. A incidência para este ano é de 61,26 por 100 mil habitantes. “É uma das mais altas do país e só fica atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul”, ressaltou. Buitrago explicou que a opção das mulheres por engravidar mais tarde e ter menos filhos influencia nas ocorrências. “Não ter filhos e não amamentar são fatores de risco, mas o mais importante é o diagnóstico precoce. A partir dos 40 anos, as mulheres devem fazer mamografia periodicamente”, alertou.
Saiba mais
Desde 2002 no Brasil
O movimento Outubro Rosa começou na década de 1990 nos Estados Unidos, quando a Fundação Susan G. Komen for the Cure lançou o laço cor-de-rosa e distribuiu exemplares durante a Corrida pela Cura, realizada em Nova York. A campanha percorreu o mundo e, durante o mês de outubro, muitos países realizam uma série de ações voltadas para a prevenção do câncer de mama. No Brasil, a primeira iniciativa ocorreu em 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado no tom de rosa.
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