sábado, 30 de março de 2013

ZINGANO PROMETE FIRMEZA PARA LIDAR COM HOMENS NO TUF: 'SEI ME IMPOR'


A lutadora americana Cat Zingano poderia estar ensinando linguagem de sinais neste momento se não fosse uma visita despretenciosa a uma academia de jiu-jítsu. Oito anos depois, a atleta do Colorado, invicta em sete lutas profissionais no MMA, está prestes a estrear no UFC contra Miesha Tate, com uma chance de disputar o cinturão e protagonizar o reality show The Ultimate Fighter em jogo.
- Desde que entrei naquela academia, minha vida melhorou muito, e o jiu-jítsu mudou minha vida - reconheceu Zingano, em entrevista ao SPORTV.COM.
Cat Zingano MMA UFC (Foto: Esther Lin/Invicta FC)Cat Zingano na pesagem de sua última luta: americana quer ser melhor do UFC (Foto: Esther Lin/Invicta FC)
Não é exagero. O sobrenome que Cat usa em seu nome profissional veio do marido, o brasileiro Maurício Zingano, que era o dono da academia em que ela entrou em 2007, a fim de recuperar a emoção da competição da qual sentia saudades desde que largou a luta olímpica. A lutadora sonhava estar entre as primeiras mulheres a disputar as Olimpíadas na modalidade, em Atenas-2004, mas perdeu a paixão pelo esporte na época das seletivas e o abandonou pouco depois. Ela reencontrou a paixão pelas lutas quando estreou no MMA, também em 2007, pouco depois de se tornar campeã mundial de jiu-jítsu na faixa-branca.
- Um promotor de eventos ligou para o meu marido e perguntou se ele tinha uma lutadora até 56,7kg para um combate, e estávamos no carro. Eu perguntei se eu podia lutar, ele disse, "Hmmm, não sei..." Eu insisti, queria muito lutar. Foi em outubro de 2007. Ele me treinou por oito semanas, me ensinou tudo o que eu precisava saber e, quando minha mão foi levantada naquela noite, decidi que era isso o que eu queria fazer. Eu estava fazendo curso para ser instrutora de linguagem de sinais, mas larguei tudo e fui aprender e treinar o que fosse preciso para ser a melhor do mundo no MMA - conta.
Pouco mais de cinco anos depois, Zingano está a duas lutas do objetivo. Primeiro, precisa passar por Miesha Tate no TUF 17 Finale, em 13 de abril, para conquistar a chance de disputar o título dos pesos-galos femininos contra a atual campeã, Ronda Rousey. A luta pelo cinturão viria atrelada a outra oportunidade única: a de estrelar o reality show The Ultimate Fighter, que, pela primeira vez, terá mulheres como treinadoras, e, também de forma inédita, terá competidores homens e mulheres dividindo a mesma casa. A curiosidade em torno do que acontecerá no programa já começou, e Zingano tem certeza que não terá problemas em obter o respeito dos homens que vai treinar.
- Eu treino homens no MMA há cinco anos e já fui córner de todos os que treinam na minha escola, já fui córner também em outras escolas. Tenho muita experiência em preparar todos mentalmente e atuar como mentora para a competição. Sei como ajudar as pessoas quando estão por baixo, sei como me impor e ensinar uma lição quando elas estão se sentindo demais. Sou boa com estratégia. Se eles não respeitarem no começo, sei que vou conseguir conquistar isso. O que tenho para oferecer é valioso. Estou muito ansiosa para ajudar esses lutadores - admite.
Confira a entrevista com Cat Zingano na íntegra:
SPORTV.COM: Como você começou a lutar MMA?
CAT ZINGANO: Quando tinha 12 anos, comecei a fazer luta olímpica. Eu era a única garota no time, com uns 50 caras. Eu adorava o esporte e o pratiquei até 2004. Eu queria me classificar para as Olimpíadas e ser uma das primeiras mulheres a competir lá, mas, quando chegou a época das seletivas, eu estava exausta e comecei a perder a paixão pelo esporte. Me aposentei e, pelos próximos anos, comecei a procurar por outro esporte que me trouxesse a mesma paixão. Tentei algumas coisas, mas não conseguia me encontrar. Aí, acidentalmente "tropecei" na escola de jiu-jítsu do meu marido. Uma amiga estava fazendo aula lá e insistiu para que eu fosse, tentei por uma semana e me apaixonei. Aí, três semanas depois, quis participar de um torneio de jiu-jítsu. Fui campeã. Depois, um promotor de eventos ligou para o meu marido e perguntou se ele tinha uma lutadora até 56,7kg para um combate, e estávamos no carro. Eu perguntei se eu podia lutar, ele disse, "Hmmm, não sei..." Eu insisti, queria muito lutar. Foi em outubro de 2007. Ele me treinou por oito semanas, me ensinou tudo o que eu precisava saber e, quando minha mão foi levantada naquela noite, decidi que era isso o que eu queria fazer. Eu estava fazendo curso para ser instrutora de linguagem de sinais, mas larguei tudo e fui aprender e treinar o que fosse preciso para ser a melhor do mundo no MMA
Cat Zingano e marido Maurício Zingano MMA UFC (Foto: Esther Lin/Invicta FC)
Cat nos braços do marido Maurício Zingano após
vitória no Invicta (Foto: Esther Lin/Invicta FC)
Você é casada com um lutador brasileiro, Maurício Zingano. Você sabe falar alguma coisa em português?
Quando eu vou para o Brasil, depois de uma semana, eu consigo entender as pessoas, mas sou um pouco tímida, porque confundo muito as palavras, fico perdida. Consigo pedir comida e falar com minha família aí. Falo muito com meu sobrinho João, que está planejando vir para os EUA e está aprendendo inglês, então nós nos ajudamos, estamos trabalhando juntos nisso. Minha cunhada e minha família estão me ajudando. Eu quero morar um dia no Brasil. Quando eu saio daí, eu me sinto bem falando português, mas quando fico sem ir, perco essa segurança.
Como foi quando você veio para o Brasil pela primeira vez?
Eu amo o Brasil. Na primeira vez que fui, meu marido me levou e ambos competimos pelo Estadual do Rio de Janeiro. Eu e ele vencemos esse torneio. Ele me disse que programou a viagem para chegarmos dois dias antes, porque sabia que, quando chegássemos, eu ia querer aproveitar o país. Chegamos, dormi, bati o peso, competimos, treinamos jiu-jítsu em escolas diferentes e passamos o tempo todo indo à praia, curtindo, indo a boates, ao shopping... (risos) Queria ir para aprender e treinar jiu-jítsu, mas só treinamos duas vezes, porque todo o resto era muito divertido!
Há toda uma etiqueta entre professores e alunos de qualquer arte marcial, então como que você e seu marido superaram isso e começaram a namorar?
Ele tem regras na academia que ninguém pode esair com alunos, e ele tinha essa regras, tinha que ser profissional. Quando eu entrei, a maioria entra procurando por jiu-jítsu, mas eu entrei sem saber o que era. Eu achava que a luta olímpica era muito mais difícil, e acho que ele achava muito engraçado, porque podia rolar e brincar comigo. Nós nos provocávamos bastante, eu falava que ele só me pegou porque torceu meu braço, não entendia o que ele estava fazendo. Fui bastante "humilhada" lá. Nós passamos muito tempo juntos, porque eu ia lutar com ele e eu queria ser a melhor aluna dele. Por causa do meu conhecimento de wrestling, aprendi muito rápido, e queria impressioná-lo como treinador e professor. A partir daí, desenvolvemos uma paixão um pelo outro, e depois de um tempo nós admitimos um para o outro. Começamos a sair e, depois de um ano, ele quis morar junto e adotar meu filho. Meu filho está na vida dele desde que tinha um ano. Desde que entrei naquela academia, minha vida melhorou muito, e o jiu-jítsu mudou minha vida.
Você acreditou algum dia que estaria no UFC, e ainda antes de seu marido?
Não, eu não tinha ideia. Quando decidid lutar MMA, apenas queria lutar, não importava com quem, onde, qual show. O dinheiro, claro que eu queria poder me sustentar, mas não me importava se fosse muito, só queria lutar. Eu não sabia que isso estava acontecendo, fiquei muito surpresa e empolgada de estar no UFC. Não esperava mesmo. Quando o Dana White disse que as mulheres nunca lutariam no UFC, eu não senti inimizade dele, porque, em muitos outros esportes, nunca houve mulheres, nunca respeitaram as mulheres. Quando ele mudou de ideia, achei nobre, achei uma boa jogada nos dar uma chance, especialmente de poder ser técnico no TUF. Acho bem legal, nós merecemos mesmo, foi uma boa decisão. Acho que a divisão até 61,2kg é um bom lugar para começar, e só vai melhorar daqui para frente.
O que você acha da Miesha? Quais fraquezas você acha que pode explorar em seu jogo?
Não importa muito as fraquezas dela, o que importa são minhas forças. Acho que sou mais forte em todas as áreas. Vou ser muito ofensiva e sobrecarregá-la, e só penso na vitória. Não penso no que ela vai fazer, ou em como ela vai fazer, porque senão passo o poder para ela.
A vencedora dessa luta vai ter a chance de treinar no TUF, que terá uma casa dividida entre homens e mulheres pela primeira vez. Você espera ter problemas em lidar com isso e em manter os caras e as garotas separados uns dos outros?
Eu me pergunto isso também! (risos) Não sei. Há piadas, claro, sempre que há homens e mulheres juntos, vai acontecer alguma coisa. Espero que todos se mantenham focados em suas lutas, e que saibam que essa é uma oportunidade que não virá de novo. Tem que focar na oportunidade única na vida deles. Mas, haverá muitos "machos alfa" e "fêmeas alfa" sem nada para fazer a não ser interagir, então certamente haverá problemas. Mas espero que consigamos manter todos focados e prontos para competir.
E como fará para impor liderança e treinamento aos homens? Você já teve problemas com homens que não a respeitavam como treinadora?
Nunca. Eu treino homens no MMA há cinco anos e já fui córner de todos os que treinam na minha escola, já fui córner também em outras escolas. Tenho muita experiência em preparar todos mentalmente e atuar como mentora para a competição. Sei como ajudar as pessoas quando estão por baixo, sei como me impor e ensinar uma lição quando elas estão se sentindo demais. Sou boa com estratégia. Se eles não respeitarem no começo, sei que vou conseguir conquistar isso. O que tenho para oferecer é valioso. Estou muito ansiosa para ajudar esses lutadores

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