Foto: Brasil Combate |
Durante os treinos de jiu-jitsu uma posição muito comum durante a luta é o estrangulmento, seja utilizando braços (mata-leão, triângulo de mão, etc.), pernas (triângulo) ou o próprio quimono (diversos estrangulamentos).
Uma compressão correta maior que 5 a 6s já é o suficiente para levar a muitos lutadores ao desmaio ou sensação de tonteira. Porém, mesmo desistindo antes desse tempo, é comum a sensação subjetiva dos olhos "esbugalhando". Será que nesse momento ocorre aumento da pressão intra-ocular, causando danos ao aparelho visual?
Devido ao grande número de praticantes de jiu-jitsu no Brasil e pensando neste risco pesquisadores de São Paulo (Universidade Federal de São Paulo, Escola Superior de Educação Física de Jundiaí e Instituto Verter) resolveram investigar o nível da pressão intra-ocular durante o estrangulamento.
Obs.: Vamos utilizar a sigla PIO, referente a pressão intra-ocular.
Inicialmente vamos entender alguns princípios básicos. O olho pode ser representado como um sistema fechado repleto de líquido, chamados de humor vítreo e aquoso. Esse sistema líquido exerce uma pressão em suas paredes. Qual a importância disso? Reparem na Figura 01, que na região mais interna do olho é que chega o nervo óptico. Pressão intra-oculares altas acarretam a compressão do nervo e consequente lesão do mesmo (Figura 02). Processo que leva a uma perda gradual da visão, culminando com a cegueira do olho afetado.
Assim o estudo objetivou estudar se há um efeito deletério ao sistema ocular durante o estrangulamento e caso se faz necessárias mudanças preventivas. Foi analisada a pressão inta-ocular de 09 atletas durante o estrangulamento da montada e o estrangulamento na guarda fechada. Foram escolhidos os respectivos estrangulamentos por justamente serem os mais utilizados nesta modalidade esportiva e, consequentemente, os mais aplicados em treinamentos.
O conceito de “pressão normal” é discutível, mas se for levado em consideração o que é preconizado na literatura como aceitável (variações entre 12 e 20 mmHg), chama atenção a relativamente baixa PIO desses atletas registrada imediatamente antes do exercício: 11,55 ± 2,24 mmHg no olho direito e 12,33 ± 2,06 mmHg no esquerdo.
Especificamente é importante ressaltar que esses indivíduos praticam atividade física de alta intensidade regularmente, no mínimo a seis meses, assim sendo, de acordo com autores é observado redução na PIO fora dos exercícios, tanto de indivíduos normais quanto de suspeitos de glaucoma, após 3 a 6 meses do início de um programa de exercícios aeróbios, com retorno aos níveis pré-exercício da PIO, 3 semanas após a interrupção dos exercícios, revelando também nesse aspecto um dos princípios do treinamento desportivo, conhecido como destreinamento.
Especificamente é importante ressaltar que esses indivíduos praticam atividade física de alta intensidade regularmente, no mínimo a seis meses, assim sendo, de acordo com autores é observado redução na PIO fora dos exercícios, tanto de indivíduos normais quanto de suspeitos de glaucoma, após 3 a 6 meses do início de um programa de exercícios aeróbios, com retorno aos níveis pré-exercício da PIO, 3 semanas após a interrupção dos exercícios, revelando também nesse aspecto um dos princípios do treinamento desportivo, conhecido como destreinamento.
Sobretudo, verificou na análise das medidas consecutivas da PIO, quando foram comparados os dois tipos de golpes, a PIO após o estrangulamento na montada (portanto com o indivíduo em decúbito dorsal) foi significativamente menor do que no estrangulamento na guarda (indivíduo ajoelhado). E ainda, a maior redução da PIO, quando comparado os momentos, com o mesmo tipo de golpe, foi também na montada quando a PIO reduziu 10,77 ± 1,92 mmHg para 8,22 ± 1,29 mmHg. Esses resultados podem ser considerados surpreendentes, considerando a expressiva redução da PIO (em média 2,20 mmHg) após uma breve exposição ao golpe (duração máxima de 10 segundos), bem como o fato, de que embora situações de estrangulamento possam sugerir isquemia seguida de elevada perfusão sanguínea nos olhos e com possível aumento da PIO, isso não foi observado com os atletas estudados.
No fim, no entanto, os autores afirmam que são necessários mais estudos para confirmar de maneira definitiva os achados.
Fonte: SCARPI, Marinho Jorge et al. Association between two different types of strangling and intraocular pressure variation in jiu-jitsu athletes. Arq. Bras. Oftalmol. [online]. 2009, vol.72, n.3, pp. 341-345.
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