Nascido e criado no Rio de Janeiro, Luiz Vitor Dias teve contato com as artes marciais desde cedo e hoje é Professor faixa-preta 2º grau de Jiu-Jitsu, técnico de Grappling e Beach Wrestling. Em entrevista exclusiva à TATAME, Luiz se mostrou preocupado com os atletas antes, durante e depois dos treinos e garante buscar o máximo de cada um de seus alunos. “Trabalhamos o respeito mútuo, potencializamos as qualidades de todos e tentamos superar as limitações de cada um”, diz o professor, que hoje lidera a Geração Arte Suave. Luiz Vitor também falou sobre o Jiu-Jitsu no mundo das artes marciais, falou um pouco da sua carreira, defendeu a inclusão da arte suave nos Jogos Olímpicos e muito mais na entrevista que você confere abaixo.
Como a arte marcial entrou na sua vida?
Eu morava ao lado da casa do Mestre Leoni Nascimento, onde ele já dava aulas de Jiu-Jitsu. Naquela época, o mestre Leoni já tinha fama de lutador e, como sempre gostei de lutar, entrei para a sua academia, a única no bairro da Urca. Depois dos treinos ele colocava luvas de Boxe (enormes para nós, ainda moleques) e ficávamos “lutando Boxe”. Foi um tempo muito bom e ainda mantenho amigos dessa época.
Você se formou na faculdade de biologia, na Faculdade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro. Nessa época você já pensava em dedicar a sua vida profissional ao mundo da luta?
Não. Nesse período trabalhei numa companhia de aviação e cheguei a parar de treinar por falta de tempo, mas sentia falta da luta.
Como veio essa decisão de viver do esporte, em um país que ele não é muito reconhecido?
Viver do Jiu-Jitsu se tornou um caminho que a vida foi desenhando para mim. Com todas as responsabilidades de uma equipe de Jiu-jitsu, o trabalho sempre é gratificante. O nosso dojo é um ponto de encontro de amigos e de novas amizades. Já é rotina ao término dos treinos ter uma galera chegando só para conversar. O tempo vai passando e quando olho no relógio já é bem tarde... Às vezes fecho a academia depois das 23 horas (risos).
Você já afirmou que acha importante o estado mental do atleta, para que ele consiga desenvolver o jogo dele durante a luta. Liderando a GAS desde 2003, como você trabalha isso com os seus alunos?
A dedicação à aula tem que ser integral: corpo e mente. Sigo a máxima do Zen: viver o momento presente. O lutador, ao colocar o quimono, tem que deixar no vestiário suas preocupações e focar toda a sua atenção no treino. Trabalhamos o respeito mútuo, potencializamos as qualidades de todos e tentamos superar as limitações de cada um. Embora nem todo lutador tenha o perfil de competidor, todo treino pode ser interessante, dependendo de como você o encara. Escrevi um artigo sobre isso, entitulado “Objetivos de um treino de Jiu-Jitsu”.
Como você vê a expansão do Jiu-Jitsu e a dimensão que ele tomou nos dias de hoje, tendo atletas de altíssimo nível não só no Brasil, mas no exterior?
Acredito ser um reflexo natural do nosso esporte. O Jiu-Jitsu pode ser compreendido como uma filosofia de vida. É um esporte apaixonante e dinâmico, com uma infinidade de posições e movimentos. A arte suave já foi muito criticada dentro do MMA e depois se mostrou a arte mais eficaz. Hoje tempos atletas como o Roger Gracie e Fabrício Werdum dando shows de Jiu-Jitsu nos maiores campeonatos de MMA do mundo.
Como você vê o Jiu-Jitsu dentro do MMA hoje em dia?
O Jiu-Jitsu é fundamental para qualquer lutador de MMA. É importante saber lutar em pé, mas lutador que não sabe Jiu-jitsu já entra no ringue em grande desvantagem.
O que você acha que tem que ser mudado no Jiu-Jitsu para ele ter um reconhecimento cada vez maior no país onde ele se consagrou?
Creio que o principal fator ainda é com relação a sua imagem e o preconceito que as pessoas têm do Jiu-Jitsu, como um esporte violento, praticado por pessoas que só querem brigar. Contudo, cada vez mais temos praticantes em vários níveis profissionais e em todas as camadas sociais. A imagem da nossa Arte Suave já começou a mudar. O conceito de Jiu-Jitsu como esporte é importante para acabar de vez com qualquer imagem negativa.
Você apóia a ideia da arte suave para os Jogos Olímpicos?
Claro, seria muito bom para o Brasil. Certamente o Brasil terá a supremacia nessa modalidade esportiva.
O que deve ser feito para que isso ocorra?
Acredito que a união dos atletas e profissionais do nosso esporte em todos os segmentos, deixando de lado qualquer interesse político ou pessoal, para que possamos ter uma identidade única, fortalecendo o nosso esporte já reconhecido mundialmente e colocando o Jiu-Jitsu no lugar que ele merece.
Em julho, Bráulio Estima esteve na Geração Arte Suave. Como foi a visita dele? Ele treinou com vocês?
Sempre recebemos visitas, mas esta foi inesperada. O treino da noite estava começando quando ele chegou, colocou o quimono e treinou com a equipe. Neste dia o treino foi até mais tarde. Intercâmbios enriquecem as equipes e estimula o aluno a aprimorar a técnica e superar desafios.
Wanderson, obrigado pela matéria eu sempre acompanho seu blog daqui do Rio. Nossa Arte Suave precisa ser divulgada de uma maneira positiva. Parabéns pelo seu trabalho. Quando vier ao Rio apareça aqui na academia.
ResponderExcluirLuiz Vitor
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